terça-feira, 3 de novembro de 2015

"As amizades transpõem montanhas, distâncias impensáveis. Não aparecem: semeiam-se, crescem, cuidam-se. Um dia a flor será a mais bela na tua vida!" (Vinicius Homem)


Pois é, amigos, há já muito tempo que não vos escrevo. Tem sido uma grande falha minha, eu sei (mea culpa, mea culpa)!

Posso dizer-vos que, ao longo destes cinco meses, muita coisa tem acontecido, e quero partilhar convosco tudo o que se tem passado, o bom e o mau.

Contudo, não vou começar desde maio para cá, mas sim de Outubro para Maio. E como tem sido tanta coisa, vou dividindo as coisas. Hoje partilho convosco um último acontecimento.

Como me dei conta, a última vez que escrevi foi de revolta. Revolta por causa da morte, da morte que esteve diretamente ligada a uma pessoa fantástica.

Já não é a primeira vez que vos falo da Marine, autora do livro “Cancro com Humor”. Pois é, até ao fim-de-semana passado, eramos “conhecidos” virtuais. Quando estive em tratamentos, pelo Natal do ano passado, ofereceram-me dois exemplares do seu livro: um foi o amigo André Silva e outro, os amigos Convivas de Viseu.

Depois de devorar o livro numa tarde, tomei coragem e contactei a Marine, pelo amigo Facebook. Prontamente recebi uma mensagem carinhosa dela. Deu-me palavras de conforto, coragem e muita energia para seguir em frente. Então, desde aí, fomos falando, caminhando lado a lado. Mas ela nunca imaginou a força que me deu, a garra que me ajudou a lutar contra o Cancro. Antes de ler o livro, pensava que era um irresponsável, que levava tudo na brincadeira, que não estava a ser serio com a doença que tinha. Eu brincava com tudo e mais alguma coisa. Mas sentia-me único, sozinho. Contudo deparei-me com uma louca( e atenção, para mim a loucura é uma boa característica) que olhava para o que se tinha passado com ela e enfrentado todas as coisas com um pouco de “irresponsabilidade” (ou não!).

Era meu desejo conhecer a Marine, puder conversar com ela cara-a-cara, dizer-lhe o quanto me tinha ajudado. E, este fim-de-semana, a Marine veio fazer uma tertúlia a Mangualde. Mal vi que ela cá vinha, mandei-lhe logo uma mensagem. Queria muito conhecê-la pessoalmente. E eis que aconteceu. Fui a Mangualde ter com a Marine.



Bem, que vos posso dizer? Simplesmente que fracassei. Não lhe consegui dizer o quão agradecido lhe estou por tudo. E sabem porquê? Porque foi como se nos conhecêssemos há muito tempo. Estivemos na conversa, num enorme à vontade, falamos de doença, de vida, de religião, de tanta coisa em apenas meia hora. Foi um encontro fantástico. A Marine é uma pessoa fantástica, super divertida, extrovertida, sempre com um sorriso na cara (apesar de estar cansada, de ter tanto para fazer). Meia hora bastou para ter certezas daquilo tudo que eu já esperava. Bem, eu parecia uma criança quando conhece um dos seus ídolos: tremia, a barriga parecia que se colava às costas, as palavras saíam umas por cima das outras… Mas a fantástica Marine pôs-me logo à vontade e tudo isso passou. Vim de Mangualde com o coração cheio, super feliz.

Marine, prometi-te umas palavrinhas, e estas são especialmente para ti:
          
      És fantástica, com um coração de ouro. Não tenho palavras para descrever o quão bom foi conhecer-te, o quão bom foi a nossa troca de ideias. Numa das fases mais difíceis da minha vida, estiveste comigo sem me conheceres, simplesmente porque tínhamos um amigo em comum: o cancro. Deste-me força, coragem, energias para seguir em frente, para continuar a sorrir. Só a tua presença é testemunha de que não é uma doença que nos destrói, mas que nos ajuda a sermos melhores, a aproveitar cada minuto! Obrigado pelos 30 que me dispensaste do teu tempo. Obrigado pela amizade e por me encorajares. Para ti só te posso desejar tudo o que de bom existe. Continua a ser a fantástica pessoa que és, com um coração gigante e super híper mega bondoso. Continua a espalhar sorrisos, onde muitos querem plantar tristeza. Continua a Super Careca Power e a espalhar charme!

E isto só comprova que há Estórias no meio da História!




P.S. – O próximo relato não tardará a chegar!

sábado, 23 de maio de 2015

Maldita sejas!

Não te compreendo, ó Morte, nem os teus desígnios. Porque nos provocas dor, porque nos provocas todos aqueles perdidos sentimentos que dentro de nós habitam! Porque ages de forma tão crua, sem ligares à vida de uma pessoa? Maldita sejas!

Procuro uma razão para conseguir compreender, mas não consigo. As minhas forças esgotam-se nesta batalha desigual. Fria, crua, insolente morte. Neste momento só consigo desejar que todo aquele mal que provocas seja um dia vingado! Que tu deixes de existir, que nunca mais de ti se ouça falar. Maldita sejas.

Todas as minhas forças se canalizam, neste momento, em conter as lágrimas que de dentro de mim querem jorrar. Odeio-te com toda a minha alma, com todo o meu ser, com toda a minha força. Não tinhas esse direito, ninguém to havia permitido. Não, não podia ser. Maldita sejas.
Compreendo o processo natural, mas não consigo entender os teus planos, a tua forma de agir. Porquê? Porque retiras às pessoas aquele alicerce tão precioso, de forma tão brusca, desamparando-nos? Maldita sejas.

Odeio os teus cúmplices, e a ti, neste momento, só te consigo odiar. Porque haverias de criar algo tão mau, que provocasse tanta dor, tanto esforço, para no fim, continuares vencedora? É este o teu jogo diabólico? Pois digo-te: prefiro que os leves de uma vez só, que não os vás levando, que não brinques connosco!

E a ti, maldito Cancro, nem tenho palavras para ti! És ainda mais desprezível que todos os outros, mais desprezível que a própria morte. Não mereces nada. Não mereces o esforço que as pessoas teem para te vencer. Não. Não mereces as horas de tratamento, a dor que nos infliges, as esperanças que em nós nascem. Tu consegues destruir tudo. Contigo não há futuro. Só o dia em que vivemos e o passado. Maldito sejas, Cancro.

És fraco, cobarde. Usas jogos maquiavélicos, jogas sujo. Não tens esse direito! Sentes-te indesejado, por causa das tuas acções. Vives na sombra, no esgoto da vida. E quando surges, pensas que te podes tornar o vilão superpoderoso e vencer tudo e todos! Mas enganas-te, porque nós também temos os nossos superpoderes. Sim, choramos os nossos mortos, aqueles que foram vencidos por ti. E, nisto, nesta miscelânea de dor, sofrimento e ódio, tornamo-nos mais fortes. E um dia seremos todos vencedores. Vingaremos aqueles a quem tiraste a vida, as lágrimas que por tua causa chorámos. Um dia cavaremos a tua cova bem fundo, enterraremos o teu caixão, como fizemos aos que amávamos. Mas com uma grande diferença. No nosso coração não habitará a dor, a saudade. Os nossos olhos não derramarão lágrimas, não faremos silêncio. Maldito sejas, Cancro.

E hoje eu choro, sem conhecer pessoalmente, a morte de um amigo. Sim, um amigo. Porque também ele lutou com todas as suas forças contra ti. Também ele era feliz, tinha os seus sonhos, tinha a sua vida. Também ele tinha muitos anos pela frente, muito para viver. E tu não tiveste piedade, daquele rapaz de 23 anos. Não. Levaste-o sem dó nem piedade. E nos nossos corações só existe a revolta, a enorme vontade de fazer justiça! Onde mora a justiça neste mundo? Maldito sejas, Cancro.

A noite vai longa. No coração de uns mora agora a dor. Infelizmente, nada posso fazer! Resta-me, com estas palavras, homenagear esse vencedor que partiu. Resta-me deixar cair os joelhos no chão, rezar pela sua alma, por aqueles que o amavam. Infelizmente, nada mais posso fazer, senão chorar a sua partida.
Careca Power, entre nós nunca morrerás. De ti, pouco sabemos, mas do pouco que conhecíamos, eras um lutador exemplar. Hoje unimo-nos por ti, choramos por ti. E uma certeza nos resta: serás sempre a força e a inspiração da nossa querida amiga que sempre nos eleva o espírito, nos esboça um sorriso, nos faz encarar a vida de forma diferente.

Marine, hoje este Carequinha está contigo! Hoje, todos os teus fãs estão contigo!


quarta-feira, 20 de maio de 2015

365 dias.

Há exactamente 365 dias atrás, começava eu a minha batalha.
Há exactamente 365 dias que sei que sou doente oncológico.
Há exactamente 365 dias aprendi que a vida é muito mais para além que problemas simples.
Há exactamente 365 dias comecei a viver de forma diferente e feliz!

Para comemorar estes 365 dias (só um louco é que o faria [e eu sou esse louco]) fiz um filme com várias fotos. As fotos relatam uma amostra do que eu vivi durante este ano, as legendas, aquilo que eu senti.

Dois contrastes, mas uma só vida!

A vós, do fundo do coração, a minha mais profunda vénia de agradecimento. A Deus, a consagração da minha vida!
E, como diria a minha querida Marine Antunes, Carequinhas e ex-Carequinhas Power este filme é também para vós! Obrigado!

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Existem coisas na vida que não são precisas palavras para as descrever; outras só lá vão com palavras. Mas neste caso, algumas palavras são minhas, outras não.

Dos poucos anos que tenho, nunca me pensei encontrar nesta situação. Enquanto estava em Coimbra fui contactado por uma jornalista que gostaria de dar a conhecer a minha “estória” aos seus leitores.

Quando voltei de Coimbra, encontrei-me com a jornalista, tivemos uma conversa de café e oito dias depois apareceu-me com um texto que me deixou sem palavras. As perguntas foram surgindo, as respostas foram sendo dadas, mas não num estilo de pergunta/resposta, mas sim numa conversa pessoal, um contar de uma vida como se a um novo amigo se tratasse.

No dia 16 deste mês, saiu a reportagem. Esta, tanto em papel como a nível digital, chegou a vários pontos do mundo, a várias pessoas. Muitos foram os comentários que fui ouvindo, algumas lágrimas corridas. Eu estava satisfeito, porque a mensagem que eu quis transmitir estava a chegar às pessoas.

Hoje, oito dias depois de esta reportagem ter saído, escrevo aqui como forma de imortalizar este pedaço da minha “estória” e, desta forma, agradecer à jornalista Márcia Páscoa Carvalho pela oportunidade, pelas doces palavras que me foi dirigindo e essencialmente por ter captado o meu objectivo de uma forma maravilhosa. Agradecer-lhe pela forma como retratou todo o caminhar ao longo deste ano. Não posso, de maneira alguma, ignorar todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, me fizeram chegar a sua palavra de apoio, de carinho, de amizade. Obrigado a todos vós.


P.S.- Deixo a reportagem em PDF para se houver alguém que tenha o desejo de a (re)ler ;)
Porque há sempre Estórias no meio da História!

sexta-feira, 6 de março de 2015

Ora bem, muito bem, ora bem, bem, bem!
É verdade, hoje foi dia de abrir portas mais tarde! Isto porque o sono veio ontem cedo e ficou até tarde hoje e eu não consegui resistir. Há dias em que temos de lhe fazer companhia, para ele voltar várias vezes.

E neste acordar tardio, surgiu o grande e incontrolável desejo de fazer um bolo. Ora, estivesse eu em casa e já estava de avental posto, já com farinha pela cara, cascas de ovos espalhadas pela mesa e a minha mãe a mandar vir comigo porque deixo tudo espalhado, sujo tudo, etc etc. Ora, eu sou homem e quando um homem está na cozinha as mulheres ficam proibidas de lá entrar. Nós sabemos o que estamos a fazer, mesmo que no fim só apareça no prato um terço daquilo que tentámos fazer.

Como estou com vontade de um bolo e não o posso fazer, decidi deixar-vos aqui uma receita minha, uma receita de sucesso.

Ingredientes:
500 gr de Doçura
500 gr de Nuvens Fofas
150 gr de Pó-de-fada
2 colheres de Amor
3 Raios de Sol
500 gr de Pensamentos Positivos
250 gr de Boas Memórias
Sorrisos q.b
Boa vontade q.b


Comece por colocar metade da medida de Doçura com as Nuvens Fofas. Envolva suavemente e com carinho e junte uma colher de Amor. Não deixe de envolver suavemente. Quando o preparado começar a cheirar a Alegria, junte-lhe o Pó-de-fada. Não envolva, deixe repousar.
Separe os Raios de Sol e bata-os até ficarem brilhantes. Junte-lhe uma colher de Amor, a segunda metade de Doçura, envolvendo fortemente até formar um Arco-íris. Quando o Arco-íris estiver firme, envolva as Boas Memórias suavemente. Quando deixar de sentir as Boas Memórias, junte o primeiro preparado e envolva os dois. Quando o preparado estiver no Ponto Felicidade, junte-lhe Pensamentos Positivos e misture tudo durante cinco minutos.
Unte a forma com Boa vontade, aqueça o seu coração a 200 graus. Leve a forma ao coração e deixe cozer durante todo o dia.
Retire o bolo da forma, polvilhe com bastantes sorrisos e sirva com bastante Fé aos que o rodeiam!


E agora que já vos dei a receita, não se esqueçam de partilhar comigo os resultados!

Isto porque há receitas de sucesso e que também são Estórias no meio da História!


quinta-feira, 5 de março de 2015

Ora vamos lá, toca a sintonizar e a dar os bons dias logo pela manhã! É verdade! Cá estou eu, mais uma vez, armado em madrugador, a escrever para o blogue às oito da matina, quando qualquer pessoa com dois dedos de testa e com essa possibilidade, estaria a ferrar o galho e pouco importado com o mundo! Verdade, sim senhor! Mas como eu não tenho nada, mas nada para fazer entre o "ET" e o "PA" (pequeno-almoço), porque o sono é coisa que não me assiste, a televisão não dá nada em condições e ainda só tenho o cérebro a 50% para me concentrar na leitura, decido aproveitar e escrever umas baboseiras logo pela manhã! E não é que são quando saem melhor? Pois é mesmo, porque 50% do cérebro está a dormir! Lógica da batata!

Pois está tudo muito bem! Vocemessêses dormiram bem? O soninho foi bom? Passearam muito pelos fantásticos campos da Fábrica de Chocolate? Eu acho que fizeram vocemessêses muito bem! Mas agora está na altura de deixar a almofada, ir tomar uma banhoca fria para acordar, tomar o piqueno-almoço, colocar o sorriso na cara laroca e sair para o mundo! [Atenção: não procedas desta maneira se viveres com alguém. Se abrires os olhos e deres conta que tens alguém ao teu lado, mais uns miúdos no quarto ao lado já aos berros, mete a mão debaixo da cama, tira o sorriso de emergência e começa em forma o teu dia. Não te esqueças NUNCA de voltar a colocar o sorriso de emergência no local adequado. Obrigado]

E agora é que são elas: sair para o mundo! Pois é! Aquele acto difícil de fazer todos os dias... "Mas será que hoje não posso ficar em casa, enrolado na cama, a ouvir música e a ver filmes o dia todo?" NÃO! Vais para o mundo, quer faça sol ou chuva, quer tenhas partido uma unha ou espremido uma borbulha! Olha agora a querer ficar fechado em casa armado em anti-social! Vá vá, a andar à minha frente que isto já está a ficar para o tarde! Que mania, ah? Vá, uma última olhadela ao espelho, compor o sorriso e sair porta fora!

Como eu até sou má pessoa, vou deixar-vos agora ao abandono no mundo e continuar aqui quietinho no meu isolamento, sem fazer nenhum, a ver tv... Naaaa, não sou capaz! Por isso magiquei um mapa na minha cabeça: um mapa de procedimentos a ter no mundo! Tipo Caça ao Tesouro! Quem não gosta? Vamos então começar!

Acabaste de fechar a porta do prédio. O sol está a brilhar (nem se coloca a ideia da chuva que é para ela não pensar que já temos saudades dela)! Quando chegas ao passeio olhas o relógio e fazes uma escolha: carro ou transportes públicos? Como até estás com algum tempo, decides ir de transportes públicos! E lá vais tu, todo sorridente, com os teus óculos de sol novinhos, a assobiar tipo Xico Fininho, até à paragem do autobúzio! Quase ao chegares um miúdo chato, irritante e tudo aquilo que eles são quando lhes nasce o primeiro pelito do bigodito, vai contra ti! Que fazes?
A) Começas a barafustar e ficas o resto do dia zangado;
B) Chamas o miúdo à razão e até te relembras de quando tinhas a mesma idade;
C) Voltas para casa, porque já te estragaram o dia;

Pois claro, toda a gente escolheu a resposta B, muito bem. E então lembrarmo-nos de quando éramos catraios, que pintávamos as paredes de casa ao nossos pais, partíamos coisas, berrávamos e afins e até soltamos uma gargalhada.

Chega o autobúzio, entramos, sentamo-nos mesmo ao lado de um maldispostão! Como somos seres do sorriso, pedimos licença e dizemos bom dia! A viagem vai a correr normalmente, sem atrasos nem atribulações, e chegas ao teu destino! O maldispostão ao teu lado faz tenção de se levantar, dobra o jornal bruscamente e quase te atropela. Que fazes?
A) Deixas o maldispostão passar e começas a respingar;
B) Levantas-te, apressadamente, para ele sair e desejas-lhe um bom dia;
C) Ignoras e fazes a tua vida normalmente;

Certíssimo: opção B! O maldispostão olha para ti de lado, com cara de dúvida, tu sorris e segues o teu caminho.

Chegas ao trabalho, com o teu sorriso matinal bem grande e contagioso, vestes a farda e começas a trabalhar. A meio da manhã aparece um cliente daqueles mesmo chatinhos, sabem? Daqueles que não gostam de nada, que nunca nada está perfeito, etc etc! Que atitude adoptas?
A) Sorrir;
B) Fazer má cara;

Muito bem! Estás a ganhar experiência! E a jogar muito bem! Como sorriste para o cliente super-hiper-mega chato, ganhaste um bónus de 200 sorrisos!

Vais almoçar com os amigos, ao restaurante de sempre. Quando lá chegas e te sentas reparas que há um novo empregado! Ele começa a tirar o pedido, trás as bebidas, as azeitonas, o pão, etc. Almoças, muito bem, cinco ou seis dedos de conversa com o pessoal, porque isto tem de ser rápido que está quase na hora de voltar ao trabalho, pedem sobremesa e o empregado esquece-se da tua! Que fazes?
A) Compreendes a situação e pedes-lhe que a traga na mesma;
B) Com ar zangado pedes para falar com o patrão;
C) Pedes a conta e dizes que não voltas lá mais;

É isso mesmo. Resposta A! 

Voltas para o trabalho. Chega a hora de sair, até estás bem disposto, vais a pé para casa, todo sorridente e contente porque o dia está a correr bem. Chegas a casa, comes qualquer coisa, vestes uma roupa mais confortável e esborrachas-te em frente à PlayStation 4 a jogar PES. Como estás num campeonato, e até estás a perder, começaste a ficar rabugento. A meio do jogo tocam-te à porta. Que fazes?
A) Ignoras;
B) Vais abrir maldisposto;
C) Limpas as migalhas das torradas que estão na camisola, preparas o sorriso e abres;

Era o teu vizinho, a pedir um pacote de massa. Como optas-te pela opção C, ele convida-te a ires jantar lá a casa e tu aceitas.

Acaba o jantar, voltas para tua casa e vais dormir! Mal te deitas, começa o telemóvel a vibrar.
A) Atendes prontamente;
B) Ignoras para pensarem que estás a dormir;
C) Demoras a atender e refilas;

É isso mesmo! Opção A! Muitos parabéns! Chegaste ao fim de um dia feliz, cheio de sorrisos! Era só a tua namorada a dizer que te amava e a desejar uma boa noite! Fim do jogo: ganhaste a capacidade de ser sempre positivo mesmo quando todos querem que sejas negativo! Fim do jogo: para voltares a jogar terás de dormir uma noite descansado e cheia de nuvens de algodão doce, rios de chocolate, e essas coisas boas todas!

E pronto, foi mais uma maluqueira matinal, acompanhada por alguma insanidade mental que coincidiu num estranho relato diário de como as coisas seriam mais simples se sorríssemos sempre, independentemente das situações.
Como isto hoje já vai mais alargado que nos dias anteriores, tenham todos um grande e óptimo dia, cheiínho de sorrisos e boa disposição, que eu vou ali papar o meu croissant e bebericar o cafézinho! Isto, porque a loucura também faz parte da Estória no meio da História!

quarta-feira, 4 de março de 2015

Bom dia, bom dia, bom dia! Bem-vindos ao consultório sentimental/espiritual/e mais algum al que haja, de Ismael Sousa!

Sim, é isso mesmo. Esta noite passei-a muito mal, terrivelmente mal, a dormir que nem um anjinho. E neste meu estado de dormição de cinco horinhas (sim que o dia é belo demais para passar a manhã toda a dormir) tive uma revelação: "Ismael Sousa, está na altura de fazeres algo útil para a sociedade. Já chega de andares a dormir, na boa vida e nisso tudo e põe-te a fazer algo de útil". Ora, eu, no meu dormir angelical, acordei sobressaltado, ou não, com esta revelação. "Eu? Fazer o quê? Sociedade? Epah, ó consciência, isto é muito cedo para mim, acabei de acordar, a gente logo pensa nisso!" E com a mesma fugacidade, fechei os olhos, virei-me na cama e ferrei o galho... Ou não! Lá chegou o "ET" com agulhas, agulhinhas e agulhões, com termómetros, soros, máquinas para sei lá eu para quê (saber até sei, mas não sei o nome) e, pumba, lá vai o sono procurar outra cama, cansado que está de ser perturbado na minha!

Como o sono me abandonou, restou-me a consciência. Ora, essa, não deixa ninguém dormir quando põe alguma coisa na cabeça... Mas eu não me importo que ela pense, simplesmente que não perturbe. Mas é claro, achou que eu sou um lambão, que só estou bem na boa vida e mais não sei quantos e, toca a importunar-me a vida! Levantei-me, xixi para o copo e voltei para a cama, decidido a pensar numa solução para calar a consciência.

Primeiro pensei: vou fazer graffiti's com mensagens fortes...
"Não sabes desenhar, parvo!" - retorquiu-me a consciência com aquela sua vozinha tão irritante.
"Então vou fazer um programa de rádio!"
"E quem é que te quer ouvir?"
"Palhaço?"
"Não há circo na cidade!"
"Então que sugeres que eu faça? Tu é que me importunas com essa ideia do fazer algo útil!"
"Faz o que sabes fazer: falar!"
Ora, agora é que foi. Parva, estúpida! Importunas-me com as tuas ideias e depois ainda mandas indirectas. Levantei-me revoltado. A bomba dos soros ia caindo e tudo! Mas depois fez-se-me luz:
"É isso, vou abrir um consultório sentimental... Melhor, espiritual... Ou os dois?
"E pessoal, não?"
"Sim, também pode ser."
"Vais o quê? Abananaste de vez, Ismael José!"

Mas havia encontrado a resposta. Saltei para a cama, e contei todo o projecto que em cinco minutos me veio à cabeça: "ponho-me à disposição das pessoas, para as ouvir, falar com elas, aconselhar no que souber. Assim, estou a fazer algo útil, não? Pensa comigo: não preciso sair de casa, só vem até mim quem quer e estou a tornar-me útil!" A consciência calou-se! É claro que eu sou mais matreiro... Ora, quem quer ouvir disparates de um louco? Quem quer saber das opiniões de um palhaço? Ninguém! Está claro! Mas para já consegui calar a consciência e tentar dormir mais um pouco. E mal me acabo de virar, já está ela aos coices: "Estás à espera de que? Põe-te a trabalhar! As coisas não se fazem sozinhas, ou vais deixar mais uma coisa para amanhã? Vá, vá, agarra-te ao trabalho!"

Ok, ganhas-te! Peguei então no iPad e pus-me ao trabalho... Ou melhor, a consciência pensa que é trabalho, mas na verdade sou só eu a partilhar convosco a aventura desta manhã. E para ela não me importunar mais, aqui vai:
---------"Bem-vindos ao consultório "Estórias do Coração" onde sairá melhor do que entrou!
Prometemos-lhe um sorriso pela manhã, uma gargalhada pela tarde,
um brilho nos olhos pela noite!"---------

E pronto, a consciência já se calou, o pequeno-almoço já chegou e já não há mais descanso pela manhã. E no meio disto tudo o que importou? Olhem, nada. Que continuo a ser o mesmo palhaço de sempre, sempre disponível a fazer brotar sorrisos e brilhos nos olhos. O mesmo ouvinte e confidente de sempre.
E já agora, deixo o primeiro conselho do meu consultório novo (a consciência está a espreitar-me para o iPad): SORRIAM MUCAMBUZIOS! A vida é mais fácil levada a rir, com sorrisos, palavras meigas, gargalhadas e brilhos nos olhos! Sejam felizes!

Xau, xau, que tenho ali o croissant à minha espera, o café a arrefecer e o "ET" comigo debaixo de olho... Consciência, ficas na cama! Beijos, abraços e muitos palhaços e vivam as vossas Estórias no meio da História!

terça-feira, 3 de março de 2015

This Is The Day! Este é o dia!

São quase sete da manhã, ou já passa ligeiramente. Entrou-me pelo quarto o "ExtraTerreste" das manhãs, todo vestidinho de verde, touca na cabeça, máscara na cara. Sim, "ExtraTerreste"! E os senhores enfermeiros que não me levem a mal, mas se viessem de azul seriam o Monstro das Bolachas... Vocês percebem que a primeira pessoa que queremos ver quando acordamos é tudo menos um ser vindo sabemos lá nós de onde, com máquinas, agulhas e tubos atrás.
É claro: aqui o dorminhoco já estava acordado. A mesma rotina estes últimos dias: acordar pelas seis e tal da manhã, esperar pelo "ET", medir tenções, batimentos cardíacos, febres e afins. Dois dedos de conversa: "Então está nisto há muito tempo?", pergunta o "ET". E eu, que já estou com o cérebro meio acordado, resumo tudo em duas ou três linhas: "Quase um ano. Fiz tratamento no hospital de dia em Viseu, depois em internamento e agora estou aqui." Simples e eficaz, está tudo dito.
Mas hoje o "ET" retorquiu: "É injusto estar aqui com essa idade..." Bem, esta tocou-me no fundo, mas mesmo lá no fundo... Um minuto em silêncio, para reflectir e compreender aquela frase. "Injusto? - respondi - não, não é injusto. Injustiça é ver morrerem inocentes ás mãos do homem, crianças com fome: isso sim, é injusto!" É claro que eu não sou assim tão frio quanto pareceu, e falei num tom carinhoso. E não, não acho que seja injusto. Todos temos provações na vida, e esta é uma das minhas.
Nunca fui muito bom a lidar com elogios. Sempre gostei de fazer as coisas que me propunham, mas sem espaço para agradecimentos públicos e afins. Chamem-lhe o que quiserem: falsidade, falso modesto, o que quiserem, que não quero saber. A minha consciência tranquiliza-me. Mas isto vem a propósito de... Ah, já sei. Estes últimos dias tenho publicado várias fotos, como havia anunciado. Que querem que uma pessoa faça, quando está fechada num quarto, onde só recebe o "ET", com uma janela de acesso ao mundo e outra para a criação, com quatro canais televisivos, que são mais aborrecidos que um livro de Saramago, e alguns livros para ler? Tira fotos e chateia os amigos, normal, não acham? Eu acho que sim!
Prosseguindo: nessas fotos tenho recebido vários comentários, mensagens e palavras de amigos, sempre com uma palavra amiga para dizer, uma palavra de incentivo. É claro que isso preenche o meu ego, claro que sim. Mas, como referi, não sei lidar com isso. Por isso, agradeço e agradeço a Deus, sim, a Deus por me dar tanta força, por não me deixar desistir. Por isso, todo o mérito é d'Ele. E peço desculpa se não respondo, se demoro a responder. Peço desculpa, porque primeiro quero entender, depois reflectir e no fim falar.

Este é o dia: mas que dia? Bem, é o dia que nós quisermos, de o aproveitar da melhor maneira. Este é o dia em que dizemos às pessoas o quanto as amamos; é dia de lhes agradecer; é dia de fazermos sorrir alguém; é dia de rasgar um enorme sorriso. Este é o dia que vivemos. Todos os outros ou são passado ou são incerteza. Este é o dia de darmos rumo à vida, de darmos sentido às palavras e acções. Vá, agora refutareis: sim e por isso mesmo não vou trabalhar, vou passar o dia na cama, blá, blá, blá. NÃO! É dia de irem para o trabalho com um sorriso nos lábios, dar os bons dias às pessoas com quem se cruzam, dar aquele brilho nos olhos de alguém que não está tão bem. É beijar, abraçar aqueles que amamos! É ligar a um velho amigo, mandar uma mensagem. É abrir um álbum de fotografias e recordar, celebrar a vida. É enxugar a lágrima de alguém que sofre, é mostrar-se presente, mesmo com a indiferença.
Eu sei, isto não é muito fácil. Ismael, acorda, isso é utópico... Será? Ou nós é que queremos que assim seja, utópico, para ser sempre desculpa? Deixo a resposta para vocês. E também sei que talvez isto não vos seja tão claro como o é para mim. Mas, neste momento, essas são as minhas prioridades: sorrir e fazer sorrir; ter um brilho nos olhos e deixar os outros com um brilho nos olhos. É sim, também tenho os meus dias maus, aquelas alturas em que não quero nada com o mundo. Por isso, quando desapareço, já sabem.

Bem, já me estou a alargar de mais, o meu almoço já chegou e está a arrefecer e vocês não estão para ler disparates. O que quero dizer eu hoje? Quero dizer-vos que vos amo, cada um como é, que por mais anos que viva não terei como vos agradecer. Não me é justo escrever nomes, mas estes não podem faltar: mãe, pai, mano mais velho, mano mais novo. Obrigado por tudo, obrigado! Obrigado família pelas palavras, acções... Obrigado incondicionais amigos que me mimam, obrigado aos que me dão nas orelhas; obrigado aos que demonstraram serem quem verdadeiramente são e aos que me surpreenderam. Peço desculpa, se sou muito rígido, mas agora que ninguém nos ouve, passei a ser assim.
Bem, xau, beijos, abraços e muitos palhaços. Tenho de ir almoçar que o "ET" já está à coca para me levar o tabuleiro...
E isto tudo porque há Estórias no meio da História!

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Caros amigos,

Sim, é verdade, há algum tempo que não vos escrevo. Pois bem, hoje venho dar-vos uma notícia.
Quem é meu amigo no Facebook reparou que eu tenho andado um pouco chato, a colocar fotos quase todos os dias. É no que dão os nervos (lool)!

Contudo, a semana anterior ao carnaval, postei uma foto quase todos os dias com o subtítulo “#SemanaZero”. Pois bem, para esclarecimento, essa Semana Zero foi a semana que estive em Coimbra a fazer recolha de células para o meu auto transplante. Esta semana de Carnaval e início de Quaresma, tenho estado à espera que me ligassem para ir receber as células.

Pois bem, hoje telefonaram a dizer que amanhã darei entrada no Hospital da Universidade de Coimbra para mais esta fase, que esperamos ser a última.

Assim, e desde já aviso, que todos os dias irei postar uma foto no meu Facebook para os interessados irem seguindo estas minhas “ferias” durante um mês.

Desde já agradeço a todos o apoio que me teem dado ao longo destes 10 meses. Por favor não se incomodem em ir para Coimbra para me visitar. Sim, pode parecer um pouco convencido da minha parte, mas sei que por aqui a mensagem chegará a quase todos, principalmente aos que me teem dito que me iriam visitar. Não se incomodem a ir para lá, pois durante as primeiras semana não poderei receber visitas, pois estarei em isolamento. Assim que souber algo, eu prometo dar noticias.

Gente, fiquem todos bem, eu vou estando pelo Facebook, com o telemóvel comigo e outras formas de comunicação.

A mala já está feita, já lá tenho uns livros para me entreter, uns cadernos para escrever e música para ouvir.


Um beijão e um abração a todos vós! Uma vez mais, obrigado!


sábado, 24 de janeiro de 2015

Nota ao Senhor Cancro

Sr Cancro,
Há muito que ando para lhe escrever, mas tenho mais momentos de medo do que coragem, e para lhe escrever e dizer umas verdades, é preciso ter coragem. Contudo, sinto que desta vez, o Sr Cancro começou a passar dos limites. Que se tenha metido comigo, eu compreendo, mas que ande para aí a declarar guerra a pessoas mais frágeis que eu, não lho permito!

Em primeiro lugar acho que nunca fomos apresentados para se vir meter comigo da maneira que meteu. Em segundo lugar, nós, pessoas que até nem somos assim tão más, que gostamos de cá andar, de sorrir, viver os momentos que a Sra Vida nos proporciona da melhor forma possível, não gostamos de si. Nem uma pitada!

Em terceiro, as confusões que o Sr Cancro tem com a Sra Felicidade e o Sr Feliz, não são da nossa conta. E, além do mais, nós estamos do lado deles, não do seu! Porque teima em mete-los em brigas connosco? Quando nos convida para ir passear, somos olhados de lado, as pessoas fogem de nós, chamam-nos nomes feios. Nós não gostamos. Com o Sr Feliz e a Sra Felicidade é tudo diferente. As pessoas cumprimentam-nos, falam-nos, tecem-nos elogios, o dia é mais azul…

Sr Cancro, cada dia mais gosto menos de si! E hoje estou cheio de coragem para lho dizer! Hoje chateou-me mesmo, meteu-se com quem não devia! Sei que de um momento para o outro pode virar a minha vida do avesso, mas olhe, já não me importo! Lutei consigo desde o inicio, mas agora estamos em guerra aberta! Não lhe vou dar tréguas! Fica já a saber que vou dizer mal de si a todos os que conheço, vou rir-me de si, vou gozar consigo. Hei-de derrubá-lo e só dará conta quando cair no chão! E aviso-o que já deixei em testamento aos meus herdeiros que só irão herdar alguma coisa quando o Sr Cancro estiver a comer pó!

Como já lhe declarei guerra, Sr Cancro, não tenho mais nada a dizer-lhe! Lembre-se que de agora em diante, tudo será diferente! Vemo-nos no campo de batalha!


Atenciosamente, Ismael Sousa!