Sr
Cancro,
Há
muito que ando para lhe escrever, mas tenho mais momentos de medo do que
coragem, e para lhe escrever e dizer umas verdades, é preciso ter coragem. Contudo,
sinto que desta vez, o Sr Cancro começou a passar dos limites. Que se tenha
metido comigo, eu compreendo, mas que ande para aí a declarar guerra a pessoas
mais frágeis que eu, não lho permito!
Em
primeiro lugar acho que nunca fomos apresentados para se vir meter comigo da
maneira que meteu. Em segundo lugar, nós, pessoas que até nem somos assim tão
más, que gostamos de cá andar, de sorrir, viver os momentos que a Sra Vida nos
proporciona da melhor forma possível, não gostamos de si. Nem uma pitada!
Em
terceiro, as confusões que o Sr Cancro tem com a Sra Felicidade e o Sr Feliz,
não são da nossa conta. E, além do mais, nós estamos do lado deles, não do seu!
Porque teima em mete-los em brigas connosco? Quando nos convida para ir
passear, somos olhados de lado, as pessoas fogem de nós, chamam-nos nomes
feios. Nós não gostamos. Com o Sr Feliz e a Sra Felicidade é tudo diferente. As
pessoas cumprimentam-nos, falam-nos, tecem-nos elogios, o dia é mais azul…
Sr
Cancro, cada dia mais gosto menos de si! E hoje estou cheio de coragem para lho
dizer! Hoje chateou-me mesmo, meteu-se com quem não devia! Sei que de um
momento para o outro pode virar a minha vida do avesso, mas olhe, já não me
importo! Lutei consigo desde o inicio, mas agora estamos em guerra aberta! Não
lhe vou dar tréguas! Fica já a saber que vou dizer mal de si a todos os que
conheço, vou rir-me de si, vou gozar consigo. Hei-de derrubá-lo e só dará conta
quando cair no chão! E aviso-o que já deixei em testamento aos meus herdeiros
que só irão herdar alguma coisa quando o Sr Cancro estiver a comer pó!
Como
já lhe declarei guerra, Sr Cancro, não tenho mais nada a dizer-lhe! Lembre-se
que de agora em diante, tudo será diferente! Vemo-nos no campo de batalha!
Atenciosamente,
Ismael Sousa!