quinta-feira, 14 de agosto de 2014

"Sei bem o que tens vivido, sei bem porque tens chorado. Eu sei o que tens sofrido, sempre estive a teu lado! Ninguém te ama como Eu. Olha para a cruz é a minha maior prova. Foi por ti, só por ti, porque te amo!"

Quando mais nada nos restar, sobra-nos o silêncio. Não há palavras boas ou más, gestos carinhosos ou brutos. Somente a paz. Somente o encontro com nós próprios.
Bruto, cruel, amargo, pode ser este reencontro. Não nos conhecemos tanto como supômos. Somos seres frágeis ou fortes, sensíveis ou indiferentes ao que nos rodeia. E por vezes somos surpreendidos com aquilo que encontramos.

Como poderei dizer, por palavras, aquilo que sinto? O cair de uma árvore, o soar de um trovão, a onda que rebenta fortemente contra os rochedos. Arrastado, projetado, aniquilado. Sou menos forte que aquilo que pareço, menos corajoso que aquilo que se possa imaginar.

Mas lá no fundo, há força que impele a continuar. Força que nos faz renascer, que esboça um sorriso, faz brilhar os olhos. Quanto ao passado, nada se pode fazer. O futuro, construímo-lo com as ferramentas que temos, com aquilo que somos, verdadeiramente.

Temo o futuro, mas caminho confiante. Já não me incomoda nada, sinto-me indiferente. Aprendi a não me incomodar, a não ligar. Vivo de cabeça erguida, sem medo. Não quero tristezas a meu lado, receios e penas. Somente quero a normalidade. Quero verdade, quero ser como sempre fui.

De hoje em diante, não serei diferente. Mudei em mim aquilo que achei que devia ter mudado, mas nada mais. Há coisas mais fortes do que eu, que por mais que me esforce, não consigo mudar. Sou o que sou. Nem menos, nem mais que os outros. Vivo assim, e se assim tiver que continuar a viver, viverei. Também tenho altos e baixos, também choro e sofro. Mas serei mais forte, sorrirei mesmo que as lágrimas queiram sair.

Estou aqui, no silêncio da solidão, calmo, reconfortante. Medos? Sim, bastantes, mas irei lutar, sorrir. Somente a paz que sinto aqui, somente o gozo que me dá me renovam as forças. É bom parar, sair do ritmo. Deixar tudo e todos para me reencontrar.

Não sou nenhum herói, mais do que os outros. Simplesmente decidi lutar e encarar a doença de frente e lutar. Lutar pela minha vida, por aqueles que me rodeiam. Conheço o meu nada, a minha pequenez. Olho em meu redor e vejo o sofrimento muito maior dos outros. Não só na doença física, mas também na dor psicológica. Pessoas que perderam o sorriso, pessoas que perderam a vontade de viver, as forças para lutar.

Também eu sofro, por vezes, desta dor/doença psicológica. Mas porque hei-de arrastar-me, chorar pelos cantos, deixar-me cair ainda mais no buraco? Que ganho eu? Nada, verdadeiramente nada!

Não, não tenho pena dos outros, mas sim compaixão! Não os olho como coitadinhos, mas com olhos de quem sabe ou tenta perceber a sua dor. Quem conhece as palavras das suas lágrimas? Quem conhece as razões, o desespero? É tão fácil olhar de lado, criticar, passar em falso, mas tão mais difícil ajudar, amar o próximo nas suas dores, no seu sofrimento, na sua infelicidade. Podem ser, somente, coisas banais, superficiais, supérfluas, parvas, mas que causam dor a essa alma. Que custa ouvir, dar uma palavra de conforto? Qual o preço de uma vida?

Olho o mundo em meu redor. Acontecimentos recentes fazem-me reflectir. O que esconde um sorriso? Será ele sinónimo sempre de felicidade? Será ele sempre o equivalente a que tudo está bem? Ou somente uma máscara? Somente porque nos desligamos de nós, para que o outro se concretize? Uma máscara para fazer o dia do outro melhor, a vida dos que nos rodeiam mais bela, esvaziando-nos de nós mesmos?

Não minto: em tudo agradeço a Deus! Agradeço-Lhe a graça de me dar forças diariamente para lutar, a coragem de seguir, o dom da vida! Muito Lhe peço para me perdoar na minha fraqueza, pela minha fragilidade! A Ele dou graças por aqueles que me rodeiam, pelo carinho que me fazem sentir, pelas palavras e gestos, pelo bom e pelo mau. Confio-me a Ele na alegria e tristeza, confio-vos ao Pai dos céus que infinitamente nos ama!

Simplesmente porque há sempre Estórias no meio da História!