sábado, 21 de junho de 2014

"Há decisões que tomamos porque nos fazem bem a nós, independentemente da opinião dos outros."

Há cerca de uma semana que decidi rapar totalmente o cabelo. Não, ele ainda não começou a cair totalmente, mas começou! E desde o princípio que eu decidi que não o queria ver cair. Poderia demorar muito até que caísse na totalidade, como poderia demorar pouco. Mas eu decidi não o ver cair. Não consigo prever o meu estado amanhã, daqui a duas semanas, ou um mês. Não sei como estarei fisicamente, mas mais importante, psicologicamente. E, mais importante, era o choque que isso poderia provocar em mim. E choques já tive que chegue neste último mês.

Contudo, não consigo deixar de me aperceber do choque que esta decisão tem provocado nas pessoas com quem me tenho cruzado. A primeira reação é de estranheza, o que eu compreendo. A segunda é sempre de que o cabelo já caíu... E imagino o que quererá isso dizer na cabeça das pessoas.

Mas que quero eu dizer com isto?
Bem, há quem tenha coragem para ver o cabelo desaparecer, outras que simplesmente o deixam cair. Sem querer julgar ninguém, acho que este gesto é sempre um passo de coragem, uma melhor forma de enfrentar os efeitos do tratamento. Existem inúmeras pessoas que amam o seu cabelo, nas quais eu me incluía, sem nunca o assumir. O cabelo faz parte da nossa personalidade, faz parte da nossa imagem. Imaginar que podemos ficar sem ele é um pesadelo.
Mas num determinado momento da nossa vida descobrem-nos uma doença, dizem-nos que temos de fazer quimioterapia e que existe a larga possibilidade de nos cair o cabelo. A minha reacção? "Mãe, é desta que eu rapo o cabelo!" O que senti? "O meu cabelo..."
Primeiro decidi que não iria vê-lo cair, e rapei a cabeça. Ver todo aquele cabelo a cair-me pelos ombros, espalhado pelo chão... Pensei que assim não seria tão mau... Mas, e mais uma vez um mas, comecei a dar-me conta de que ele, o cabelo, já me estava a cair. E não era só o cabelo, mas também a barba e outros pêlos... Eu decidi não o ver caír, e agora estou a ver o que não desejava. Já tinha notado que a barba não estava a crescer como normalmente, pêlos caídos onde não devia. Não podia mais continuar assim, tinha de tomar uma atitude. Nem é tarde nem é cedo. As giletes já não servem só para a barba...

Eis-me agora totalmente sem cabelo. Que diferença. Mas mais um sinal de doença. É inevitável. Ainda não o havia rapado totalmente e já me questionavam o porquê. Mas foi uma decisão!

Agora habituei-me e nem vou negar que até gosto de me ver assim. Contudo compreendo o quão difícil pode ser. Mas gostaria tanto de que as pessoas me olhassem, bem como às outras inúmeras pessoas, sem aquele sentimento de pena que lhes é tão visível nos olhos, nas reacções. Não mordemos, não transmitimos nada de mau. A nossa doença não se pega, não é transmissível. Somos normais como tantos outros, só que temos uma doença no organismo, e podemos ser carecas durante um tempo. Acreditem quando digo que magoa ver nos olhos dos outros a pena que sentem, o sentimento do "aí coitadinho"! Isso não ajuda, mas disso falarei noutra altura...

Isto, porque há sempre Estórias no meio da História!

1 comentário:

  1. Tretas pah xD Pensas que a gente não sabe que só rapaste o cabelo para o estilo xD Para o estilo e para poderes fazer caracóis xD xD xD xD xD xD E deixa lá que pelo menos o teu cabelo volta-te a crescer daqui a uns meses, já o meu parece que vai para nunca mais voltar... ehehehehhe

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