Maldita sejas!
Não te compreendo, ó Morte, nem os
teus desígnios. Porque nos provocas dor, porque nos provocas todos aqueles perdidos
sentimentos que dentro de nós habitam! Porque ages de forma tão crua, sem ligares
à vida de uma pessoa? Maldita sejas!
Procuro uma razão para conseguir
compreender, mas não consigo. As minhas forças esgotam-se nesta batalha
desigual. Fria, crua, insolente morte. Neste momento só consigo desejar que
todo aquele mal que provocas seja um dia vingado! Que tu deixes de existir,
que nunca mais de ti se ouça falar. Maldita sejas.
Todas as minhas forças se
canalizam, neste momento, em conter as lágrimas que de dentro de mim querem
jorrar. Odeio-te com toda a minha alma, com todo o meu ser, com toda a minha
força. Não tinhas esse direito, ninguém to havia permitido. Não, não podia ser.
Maldita sejas.
Compreendo o processo natural,
mas não consigo entender os teus planos, a tua forma de agir. Porquê? Porque
retiras às pessoas aquele alicerce tão precioso, de forma tão brusca,
desamparando-nos? Maldita sejas.
Odeio os teus cúmplices, e a ti,
neste momento, só te consigo odiar. Porque haverias de criar algo tão mau, que
provocasse tanta dor, tanto esforço, para no fim, continuares vencedora? É este
o teu jogo diabólico? Pois digo-te: prefiro que os leves de uma vez só, que não
os vás levando, que não brinques connosco!
E a ti, maldito Cancro, nem tenho
palavras para ti! És ainda mais desprezível que todos os outros, mais desprezível
que a própria morte. Não mereces nada. Não mereces o esforço que as pessoas
teem para te vencer. Não. Não mereces as horas de tratamento, a dor que nos
infliges, as esperanças que em nós nascem. Tu consegues destruir tudo. Contigo
não há futuro. Só o dia em que vivemos e o passado. Maldito sejas, Cancro.
És fraco, cobarde. Usas jogos
maquiavélicos, jogas sujo. Não tens esse direito! Sentes-te indesejado, por
causa das tuas acções. Vives na sombra, no esgoto da vida. E quando surges,
pensas que te podes tornar o vilão superpoderoso e vencer tudo e todos! Mas
enganas-te, porque nós também temos os nossos superpoderes. Sim, choramos os
nossos mortos, aqueles que foram vencidos por ti. E, nisto, nesta miscelânea de
dor, sofrimento e ódio, tornamo-nos mais fortes. E um dia seremos todos vencedores.
Vingaremos aqueles a quem tiraste a vida, as lágrimas que por tua causa
chorámos. Um dia cavaremos a tua cova bem fundo, enterraremos o teu caixão, como
fizemos aos que amávamos. Mas com uma grande diferença. No nosso coração não
habitará a dor, a saudade. Os nossos olhos não derramarão lágrimas, não faremos
silêncio. Maldito sejas, Cancro.
E hoje eu choro, sem conhecer
pessoalmente, a morte de um amigo. Sim, um amigo. Porque também ele lutou com
todas as suas forças contra ti. Também ele era feliz, tinha os seus sonhos,
tinha a sua vida. Também ele tinha muitos anos pela frente, muito para viver. E
tu não tiveste piedade, daquele rapaz de 23 anos. Não. Levaste-o sem dó nem
piedade. E nos nossos corações só existe a revolta, a enorme vontade de fazer
justiça! Onde mora a justiça neste mundo? Maldito sejas, Cancro.
A noite vai longa. No coração de
uns mora agora a dor. Infelizmente, nada posso fazer! Resta-me, com estas
palavras, homenagear esse vencedor que partiu. Resta-me deixar cair os joelhos
no chão, rezar pela sua alma, por aqueles que o amavam. Infelizmente, nada mais
posso fazer, senão chorar a sua partida.
Careca Power, entre nós nunca
morrerás. De ti, pouco sabemos, mas do pouco que conhecíamos, eras um lutador
exemplar. Hoje unimo-nos por ti, choramos por ti. E uma certeza nos resta:
serás sempre a força e a inspiração da nossa querida amiga que sempre nos eleva
o espírito, nos esboça um sorriso, nos faz encarar a vida de forma diferente.
Marine, hoje este Carequinha está
contigo! Hoje, todos os teus fãs estão contigo!
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